terça-feira, 20 de maio de 2008

Madalena




Madalena é seu nome, seu nome verdadeiro.
Não o usa porque acha que é demasiado íntimo para o fazer.
Madalena é prostituta. Vende o seu corpo desde a puberdade. Enveredou por esta vida por opção. Gosta do que faz!
Seu pai era um homem rude, nada instruído. Mal sabia escrever o seu primeiro nome. Tinha muitos vícios e trabalhar não era com ele. Adorava passar os dias no bar de alterne mesmo ao lado da sua casa. Dava tudo para por uma geladinha e por uma rapidinha com uma das meninas que lá moravam.
Madalena era a mais nova de cinco irmãs. Era muito sonhadora, talvez porque perdera a mãe muito cedo. As irmãs mais velhas trabalhavam para ajudar no sustento da casa e Madalena ficava muitas vezes sozinha.
Como era muito bonita e engraçada, as “meninas” do bordel chamavam-na e deixavam-na estar ali com elas durante as limpezas e a preparação do salão para mais uma noite.
Como é do conhecimento de todos, as mulheres da América do Sul são “muito calientes” e estas que trabalhavam neste bordel não eram excepção. Passavam as manhãs a limpar e a arrumar os seus quartos.
Durante estas lides, grande parte das “meninas” gostavam de usar roupas extremamente reduzidas, outras só usavam lingerie.
Gostavam de provocar, de mostrar, de competir umas com as outras as curvas dos seus corpos.
Cada uma delas tinha o seu quarto. Todos os quartos eram grandes. Todos eles tinham uma enorme janela com cortinados compridos arrastando pelo chão de um rosa transparente.
Lá ao canto estava uma grafonola onde aquela música cubana teimava em não sair daquelas paredes.
Era nestes quartos que os homens eram seduzidos e onde o sexo deixava de ter qualquer tipo de pudor e/ou preconceito.
Durante a sua infância e parte da adolescência, Madalena conviveu com estas mulheres presenciando variadíssimas situações. Talvez por isso tenha tido, desde sempre, a curiosidade e até a vontade em experimentar este tipo de vida.
Madalena, agora mulher na casa dos trinta, não se arrepende do que faz. Gosta de provocar e ser provocada. Gosta de sexo e de homens. Não sabe e nem quer viver de outra forma. Tudo naquela casa e nesta sua vida a fascina .
O seu quarto é semelhante aos que viu naquela mesma casa há alguns anos atrás quando era ainda uma criança inocente. Não o alterou em nada, apenas colocou um cadeirão vermelho aveludado onde se senta de vez em quando para reflectir nesta sua vida fácil, mas sedutora.
Todos os homens gostam dela e ela sabe que é a predilecta deles.
Dona de um corpo escultural e de uma personalidade vincada faz de tudo para conseguir ser feliz. Deixa que a alegria do pecado tome conta dela.

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