

Tenho saudades de ser quem era.
Na minha infância lembro-me de ser uma miúda magra, morena, bem disposta, muito mimada pelos papás e traquina quanto baste. Passava a vida a correr, a andar de bicicleta, a brincar às escondidinhas, caçadinhas, ao mata, ao futebol sem bola, enfim... tive uma infância muito feliz!
Lembro-me quando as minhas primas vinham brincar comigo para minha casa. Vestíamos a roupa da minha mãe, calçávamos os sapatos de salto alto, colocávamos as fraldas da minha irmã na cabeça, fazendo de cabelos compridos. Utilizávamos também as molas da roupa que eram feitas de madeira para fazer de cigarro. Hoje rimo-nos destas “cenas infantis” que outrora pareciam não ter fim! Era uma delícia estar constantemente a brincar ao faz-de-conta. A nossa imaginação era muto rica. Criávamos imensas personagens. Cada uma de nós entragava-se à personagem de corpo e alma. Creio ainda que se nos tivessem dado uma oportunidade nos castings, como acontece nos dias de hoje, tinhamos emprego garantido numa estação de televisão. Qual Catarina Furtado qual Bárbara Guimarães! Nós éramos o máximo!

Logicamente que a minha adolescência foi muito diferente da minha infância. O corpo começou a mudar, começou-se a “apurar” o gosto pelas roupas de marca (Diesel, Mustang, Levis, Naf Naf, Heavy, All Star, etc), as responsabilidades académicas aumentaram e é claro começou-se a reparar no rapazitos lá da escola. Não fui muito namoradeira, tive apenas 3 namorados contando com o meu marido. Não me achava feia, mas também não me considerava uma teenager bonita. Era muito simpática, extrovertida e muito bem disposta e eram estes aspectos que me faziam estar sempre rodeada de amigos (rapazes e raparigas). Talvez tenham sido estes mesmos aspectos que tenham atraído os rapazes com quem namorei. Chorei muito pelas paixões frustadas, pelos amores não correspondidos. Fui uma adolescente sofredora. Mas há que dizer que estas paixões, exceptuando a que tive e tenho pelo meu marido, foram todas platónicas. Julgava que ao gostar de determinado rapaz, teria ali uma paixão para a vida inteira. Patetices da idade ou não fosse a adolescência a fase mais estúpida e vergonhosa das nossas vidas!

Finalmente chega o fim da adolescência e dá-se o início da idade adulta. As responsabilidades aumentaram assim como a maturidade, em grande parte dos casos. Vamos definindo objectivos para um futuro próximo e começamos a criar os alicerces que trarão ou não alguma segurança na nossa vida quer pessoal quer profissional. Os nossos horizontes alargam-se e começamos a ver a vida com alguma clareza. Mesmo ainda confusos e ansiosos com o que o futuro nos possa reservar vamos fazendo as nossas escolhas, umas vezes acertadas, outras vezes não. No meio das confusões acabamos por encontrar o amor da nossa vida, tal como eu. Encontrei-o na minha escola, meu colega de turma. Por sinal, muito diferente de mim. Introvertido, extremamente reservado e todo metido a “betinho”. Como poderia saber que aquele rapaz alto, magro, moreno e de poucas falas, diria SIM, no altar oito anos e meio depois comigo ao seu lado?! Há coisas que acontecem nas nossas vidas que jamais esqueceremos: a ânsia de chegar o dia seguinte para poder estar com ele (namorado) nas aulas, a hora dos intervalos para podermos trocar uns beijinhos e uns amassos, o final do dia para, quando chegassemos a casa, pudessemos estar horas a fio ao telefone...
Na sociedade de hoje, nós os adultos, temos o triplo ou o quadruplo das responsabilidades. Andamos sempre atarefados e não temos tempo para sermos felizes ou fazer alguém feliz. Muitos são os sonhos que ficam para trás...
Muitas são as lembrança que "assombram" as nossas memórias. A isso dá-se o nome de "SAUDADE"!
4 comentários:
Minha querida Vânia,a vida faz-se olhando para o futuro. Percebo que o passado nos traga a nostalgia de tempos idos e vividos, mas é para o futuro que temos que olhar, projectando, expectando, e especialmente arrajando sempre tempo para sermos felizes! Isto é fundamental!
Adorei as tuas memórias.
Beijinhos!
Maridão, as palavras da Vãnia quiseram dizer apenas o que todos nós sentimos em vários momentos da nossa vida. A rotina leva-nos a que por vezes não possamos apreciar e gozar as pequenas coisas da vida. Por outro lado, a felicidade é uma busca constante, nunca podemos pensar que somos felizes tal como estamos ou somos, contando com toda a miséria que existe no mundo. A felicidade constroi-se. Por isso, é perfeitamente legitimo o que a Vãnia escreveu.
Mais, quero dizer, aqui, que a Vãnia é das pessoas mais bem-dispostas, alegres, felizes, que eu conheço. Um bem haja para ela.
Um bem haja para vocês os dois.
Querida Lua,agradeço as tuas palavras sobre a minha esposa...já me apercebi da "cunha" que ela te pediu.....tou a brincar...!!!Mas eu só disse a minha querida "gaja" que quem lê-se o texto e não a conheçesse ficaria a pensar que ali estava uma pessoa que foi feliz mas que agora era infeliz...
Eu sei e compreendo-a perfeitamente e até sou da mesma opinião mas do passado vivem os museus,o passado é sempre bom de recordar,especialmente os bons momentos,mas não podemos ficar na angustia que o melhor da nossa vida já passou...não,o melhor da nossa vida ainda esta para acontecer......Bjs para a menina Lua que nao tive ainda o prazer de conheçer e um beijão super especial para a minha coneira!!!!
Aquelas aulas de latim, a troca de papeizinhos, com recados. A loucura que eram aqueles lanches maravilhosos em casa da mãe da namorada. Foram bons momentos os que todos nós passamos. O medo que tu tinhas de sofrer,.........como vês um maridão ás direitas. E o fins de tarde depois da escola quando vinham eles de vespa para saber se realmente estavas apaixonada.......
Bons tempos e boas recordações....
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